Paulo Rangel consegue o feito de ser escolhido para liderar a lista do PSD ao Parlamento Europeu por três líderes muito diferentes: depois de ter sido o candidato de Manuela Ferreira Leite em 2009, voltou a ser indicado por Pedro Passos Coelho em 2014 e é agora a escolha de Rui Rio para as eleições do próximo dia 26 de Maio.
O eurodeputado e vice-presidente do Partido Popular Europeu foi hoje confirmado por unanimidade pela Comissão Política Nacional do partido, reunida em Lisboa. Rangel «tem inegavelmente gosto pelos assuntos europeus, o gosto em desempenhar o cargo, uma elevada bagagem cultural, uma inegável capacidade intelectual e uma carreira profissional», justificou o presidente do PSD. São estas algumas das várias características com que não seja «dispensável deste cargo».
O nome do eurodeputado será votado em reunião do Conselho Nacional juntamente com os outros integrantes da lista, que «serão conhecidos até ao fim do mês de Fevereiro», anunciou Rui Rio numa conferência de imprensa à qual assistiu, também, o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro.
O autarca é apontado como possibilidade para integrar a lista, tal como outros militantes que compareceram esta tarde na apresentação de Paulo Rangel, como a antiga ministra Maria da Graça Carvalho e a vice-presidente do partido, Isabel Meirelles.
O facto de terem estado na assistência pode não ter especial significado, uma vez que todos são membros da Comissão Política Nacional (Álvaro Amaro por inerência, enquanto presidente dos Autarcas Social Democratas), que tinha acabado de reunir. Mas a hipótese de o presidente da Câmara vir a trocar a Guarda por Bruxelas e Estrasburgo ganha força, mesmo que Rui Rio tenha de acomodar vários critérios (territoriais, profissionais, etários e de género) na lista.
As condições de autarca e presidente dos ASD, membro efectivo do Comité das Regiões da União Europeia, originário da região centro, mentor de um movimento que colocou na agenda política nacional o debate pela coesão territorial e negociador em nome do PSD do processo de descentralização do Estado formam uma conjugação de critérios que coloca Álvaro Amaro como candidatável de peso a parlamentar europeu.
Acresce a circunstância de ter sido secretário de Estado da Agricultura nos governos de Cavaco Silva e um protagonista da negociação da Política Agrícola Comum. A agricultura é uma das áreas que o líder social-democrata já disse que pretende ver valorizada na futura representação no Parlamento Europeu.
Outro factor é a proximidade com o presidente do partido, tendo sido um dos elementos do núcleo estratégico que conduziu à vitória de Rui Rio nas eleições internas do PSD. Ainda que haja, por parte do líder social-democrata, uma intenção de abrir a lista a outras sensibilidades, Álvaro Amaro terá sempre um lugar elegível, que poderá ir do segundo ao sexto da lista (seis deputados eleitos constituem a expectativa mais realista do PSD). Assim ele queira. Boa parte da decisão estará, nesta altura, dependente da reflexão do próprio presidente da Câmara.
O político que, em entrevistas à Rádio, lembrou que «sempre levei os meus mandatos até ao fim» [recordar aqui], ressalvando porém que o futuro poderia desenrolar-se «fruto das circunstâncias», ao mesmo tempo que garantia que nunca seria «um presidente ausente» [recordar aqui], poderá assumir outro desafio em Maio. Ou não.
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