Três anos depois de ser ter filiado no PS, após ter sido militante e coordenador regional do PAN (partido pelo qual fora cabeça de lista às legislativas de 2015), e pouco mais de um ano após ter chegado à liderança dos socialistas no distrito [ver percurso aqui], Pedro Fonseca deve apresentar hoje a demissão do cargo de presidente da federação, na sequência da reprovação da lista de candidatos à Assembleia da República que ontem à noite submeteu à comissão política federativa [ver notícia aqui].
Depois de ter prometido aos órgãos de comunicacação social presentes, entre os quais a Rádio, que falaria no final do encontro, Pedro Fonseca saiu sem prestar quaisquer declarações, recusando-se a comentar o resultado da votação e a esclarecer se iria manter-se no cargo, tendo em conta que teria chegado a fazer depender a continuidade da aprovação da lista onde ele próprio se propusera como elegível para o cargo de deputado [ver notícia aqui].
Mas já esta manhã, em declarações à Agência Lusa, Pedro Fonseca anunciou que vai demitir-se de líder distrital do PS e que renunciará ao mandato de vereador na próxima reunião de Câmara, agendada para segunda-feira.
Justifica a decisão por ter «maioria na comissão política distrital» socialista e esta não o ter acompanhado na proposta apresentada. «O responsável pela lista que foi proposta sou eu. Até hoje tudo o que apresentei à comissão política distrital foi aprovado. O apoio que eu tinha na comissão política distrital desapareceu hoje e, se isso desaparece, eu desapareço com ele. Não tendo apoio, ninguém precisa de me indicar a porta, eu sei sair», refere, citado pela Agência Lusa.
Em relação à renúncia na Câmara, diz não querer ser «empecilho para ninguém».
A direcção nacional do PS tem agora dois processos em mãos.
Desde logo a formação de uma lista de candidatos às eleições de 6 de Outubro pelo círculo da Guarda, a começar pelo cabeça de lista. Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, escolhida pela quota nacional, pode ser agora uma hipótese fragilizada, depois de o próprio nome ter figurado na lista ontem chumbada.
De resto, vários socialistas dizem à Rádio que não compreenderam a razão da divulgação oficial do nome da governante para liderar a lista pela Guarda, feita pela secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, a poucas horas de uma reunião federativa que sabia ser difícil e de resultado imprevisível. Falam mesmo em «precipitação» por parte da dirigente nacional, que não terá «conseguido ceder a pressões» do líder e de outros elementos do partido a nível distrital, no sentido de «ajudar a credibilizar» a lista proposta por Pedro Fonseca e assim obter a aprovação. Uma estratégia que teve, afinal, um efeito contrário, tornando-se num chumbo também ao nome de Ana Mendes Godinho.
O outro processo que vai ter de ser resolvido no Largo do Rato tem a ver com a situação do partido no distrito após a demissão do presidente da federação a mais de meio do mandato e em cima das legislativas. As próximas eleições internas deveriam ocorrer em Março de 2020. Resta saber se com Pedro Fonseca sai todo o secretariado federativo ou se a liderança vai ser essegurada pelo vice-presidente, José Luís Cabral. O militante de Celorico da Beira é casado com Olga Marques, que figurava em segundo lugar (ou em terceiro, após a indicação do nome nacional) na lista de candidatos a deputados ontem rejeitada.
Quanto ao lugar de vereador na Câmara Municipal da Guarda, a confirmar-se a renúnica será ocupado pela número 3 da lista do PS às eleições autárquicas de 2017, Ana Cristina Correia [recordar notícia aqui].
Até ao momento, e apesar de várias tentativas de contacto, a Rádio ainda não conseguiu que o presidente da federação distrital do PS confirmasse de viva voz estas decisões.