PSD e PS não querem Sérgio Costa na presidência da Águas de Altitude, a empresa intermunicipal de água e saneamento que vai gerir os sistemas da Guarda, Celorico da Beira, Manteigas e Sabugal.
O braço-de-ferro continua entre oposição e maioria na Câmara da Guarda no caso da constituição do Conselho de Administração (CA) da empresa intermunicipal de água e saneamento Águas de Altitude (APAL). Na segunda-feira, os vereadores do PSD e PS chumbaram a proposta de uma presidência rotativa entre os autarcas da Guarda, Celorico da Beira, Manteigas e Sabugal e forçaram a manutenção de um CA provisório formado por Sérgio Costa, Carlos Ascensão e Vítor Proença.
Depois de uma conferência de imprensa realizada durante a manhã de segunda-feira pelos quatro presidentes, onde foi apresentada a alternativa de rotatividade – que surge após António Fernandes, nome inicialmente proposto para a presidência do CA e que gerou alguma controvérsia (ver edição de 15 de maio), se ter afastado do processo –, Sérgio Costa levou o assunto à reunião do executivo. «A constituição da APAL tem que avançar a todo o gás para não comprometer o projeto e a elaboração de candidaturas aos fundos comunitários», começou por dizer o edil guardense, pedindo a aprovação da nova proposta. Mas o argumento não colheu. Desde logo porque Adelaide Campos (PS) voltou a reiterar que não deve ser o presidente da Câmara da Guarda a assumir a presidência do CA. «É uma função que tem que ser exercida em exclusividade. Era uma má aposta para a Guarda se isso viesse a acontecer porque é um trabalho que lhe vai ocupar muito tempo», justificou a vereadora socialista.
Carlos Chaves Monteiro (PSD) concordou e acrescentou que «para liderar este processo não pode ser o presidente da Câmara, que não tem tempo e já tem muitas responsabilidades». O social-democrata disse não perceber a mudança do CA – que tinha ainda dois vogais executivos – e lamentou o afastamento de António Fernandes: «Perguntar pelos currículos não ofende ninguém», considerou, tendo proposto de seguida que o segundo vogal, Renato da Silva Craveiro, natural de Manteigas e quadro superior da EPAL, onde é responsável de área na Direção de Operação de Abastecimento, seria o mais indicado para liderar o CA. «Tem todos os requisitos para a presidência da APAL em exclusividade», justificou Chaves Monteiro. A contraproposta, com a qual concordou Adelaide Campos, levou Sérgio Costa a suspender os trabalhos para auscultar telefonicamente os restantes autarcas, que recusaram mudar. Em consequência, a proposta de rotatividade foi chumbada.
«Vamos ver que atrasos é que a situação poderá causar», declarou Sérgio Costa aos jornalistas no final da reunião, lembrando que o início das operações da nova entidade intermunicipal está previsto para 1 de junho. «Afinal de contas, estão sempre a votar contra tudo e contra todos. Agora até votam contra as decisões dos presidentes de Câmara de outros concelhos. Ando há muitos anos na vida política da Guarda e nunca vi uma coisa destas acontecer», criticou o edil independente, que não deixou de assinalar o «contrassenso» desta votação. «O que é referido pelos vereadores da oposição é que o presidente da Câmara não poderia estar à frente desta entidade porque não teria tempo. Nos 19 anos dos SMAS da Guarda, quem presidiu aos CA foram sempre presidentes ou vereadores da Câmara e nunca ninguém colocou em causa e as coisas funcionaram porque havia dirigentes e técnicos. Mas, contrassenso dos contrassensos, o que acontece agora é que quem fica no CA são três presidentes de Câmara», lamentou Sérgio Costa.