1.  «Obviamente apresentei a minha demissão»! Foi assim que António Costa falou ao país, esta terça-feira, no seguimento de uma manhã surpreendente e intensa. Uma manhã em que ficámos a saber que Diogo Lacerda Machado, o “amigo” de Costa que estava em todos os grandes negócios feitos em Portugal nos últimos anos; Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro e antigo assessor de José Sócrates; Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines (PS) e dois administradores da Start Campus foram detidos. João Galamba foi entretanto constituído arguido, tal como o ministro Duarte Cordeiro. E o próprio António Costa concluiu que «é incompatível com o exercício da função de primeiro-ministro estar sob suspeita criminal».
   Esta foi a primeira vez que um primeiro-ministro em funções se demite como consequência de uma investigação judicial, num cenário de acusação por corrupção de pessoas muito próximas de António Costa e suspeitas sobre o próprio líder do Governo. 
2. Depois de ouvir os partidos e os conselheiros de estado, Marcelo Rebelo de Sousa apontou cinco motivos para avançar para eleições legislativas a 10 de março do próximo ano, só decidindo a exoneração da Assembleia da República em dezembro, depois de aprovado o Orçamento do Estado. E apontou para uma outra razão para não fazer as eleições mais rapidamente: O PS terá de ir para eleições para escolher o novo secretário-geral. Serão 5 meses em que antónio costa e o seu governo irão continuar em exercício, mas o país fica em suspenso numa crise política imprevista e com enormes consequências negativas.
3. Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial ainda em funções, foi homenageada esta sexta-feira com a inauguração de uma praça com o seu nome na localidade de Vale do Porco, na freguesia do Poço do Canto, no concelho da Mêda, onde viveu a sua infância. Durante a homenagem a socialista, vincou que «esta será sempre a minha terra», a terra que a acolheu quando a família regressou de Angola e onde viveu até que aos 15 anos foi viver para a Guarda onde Ana Abrunhosa estudou na Escola Afonso de Albuquerque entre o 10º e o 12º Ano. Foi uma Ana Abrunhosa emocionada que descerrou a placa com o seu nome nesta praça central da sua aldeia da freguesia de Poço do Canto, um momento de memórias e de reencontros com amigos e familiares, um momento reconfortante depois de nos dias anteriores ter vivido a intensidade das mutações políticas com a demissão do primeiro-ministro. Ana Abrunhosa ainda não quer falar de futuro, mas fez questão de afirmar que será ministra até ao último dia, pois tem esse compromisso, essa legitimidade e a obrigação de servir os portugueses que esperam o seu melhor enquanto ministra. Obrigado!

Luís Baptista-Martins