O antigo militante e presidente da concelhia socialista – e vice-presidente da Câmara da Guarda nos dois últimos mandatos – considera que António Saraiva acabou por ter uma vitória frágil nas eleições para a federação distrital do PS ao concorrer sozinho, depois da desistência de Eduardo Brito em protesto contra a exclusão de listas em seis concelhos. Virgílio Bento, que esteve hoje no programa “O Mundo Aqui”, comentou os acontecimentos da passada sexta-feira dizendo que não constituíram propriamente novidade e têm um rosto: o influente presidente da Comissão Organizadora do Congresso (o órgão que coordena o processo eleitoral interno no PS), António Carlos Santos, a quem o ex-autarca se refere como uma espécie de guardião contra qualquer investida de uma linha oposta à dominante. Só que, desta vez, ao afastar as listas de Eduardo Brito acabou por fragilizar muito António Saraiva, afirma. O líder eleito terá assim uma tarefa muito difícil pela frente, num mandato que vai apanhar as eleições autárquicas. E nesse aspecto Virgílio Bento considera que as primeiras declarações do novo presidente da federação não foram felizes por parecerem uma desistência do objectivo maior que deve ser a reconquista da câmara da Guarda. O desígnio é difícil mas nunca impossível, desde que o partido tenha a estratégia e os nomes certos, ressalva. Mas que não se pense que o próprio Virgílio Bento se coloca entre as possibilidades, diz em resposta à interpelação da Rádio. Bento é igualmente categórico a dizer não a uma possível nova candidatura como independente, embora neste caso entenda que existe de novo espaço para um movimento de cidadãos. Espaço que o próprio PS está a deixar livre, também, na oposição. Mas o antigo vice-presidente coloca-se fora do cartaz, garantindo que quer dedicar esta fase da vida a tudo o que a política não lhe deixou tempo para concretizar: agora que está oficialmente aposentado do ensino, quer concluir o doutoramento e continuar a dar aulas, alguns dias por semana, numa instituição universitária do Porto.
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