O PSD Guarda vive com um amargo na boca, desde que perdeu a Câmara Municipal da Guarda. Esse sentimento foi publicamente assumido por Carlos Condesso, Presidente da Distrital dos laranjas na tomada de posse da estrutura, na presença do presidente do partido Luís Montenegro. Como referiu o também presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, o partido «tudo fará para reconquistar a Câmara da Guarda» que perdeu em 2021. E, para isso, a Distrital já mostrou a estratégia: «todos têm de ajudar» e Álvaro Amaro «sabe como se faz», em referência à conquista da Câmara da capital de distrito pelo PSD em 2013 depois de 40 anos de domínio socialista – Álvaro Amaro conquistou a Guarda em 2013 com 12.222 votos (51,43%) e repetiu a vitória, alargando a vantagem, em 2017 com 14.476 (61,20%).
Estes resultados são a referência do partido para 2025, depois de em 2021 o PSD ter perdido de forma ruidosa a autarquia para o PG – a candidatura independente de Sérgio Costa teve 8.559 votos (36,22%) enquanto o PSD, que detinha o poder se ficou pelos 7.958 votos (33,68%). As análises aos resultados foram feitas há mais de um ano. Mas os números voltam agora a ser escalpelizados pelo partido para definir a estratégia a seguir, e a primeira conclusão na sede do partido é óbvia: Carlos Chaves Monteiro é um perdedor, herdou o poder conquistado por Amaro e, em dois anos, o PSD perdeu metade dos votos (6.500) – demasiados para que o partido aceite apoiar o candidato derrotado em 2021 (que é visto como um elefante numa loja de porcelana – mesmo estando quieto e calado parece que parte tudo à sua volta). Assim, a enorme vontade de Chaves Monteiro em voltar a liderar uma candidatura do PSD esbarra com estrondo na falta de apoio popular e na forma como a estrutura o vai ostracizando. Ou seja, Chaves Monteiro não voltará a ser candidato à cadeira maior da Câmara da Guarda com o apoio do PSD.
Depois de alguma especulação sobre um eventual regresso de Sérgio Costa ao partido, o líder da distrital apontou um caminho muito diferente: o PSD conta com Amaro.
O ex-presidente da Câmara da Guarda tem uma longevidade política extraordinária, desde 1985 na ribalta (quando foi escolhido por Cavaco Silva para a secretaria de Estado da Agricultura), continua entre os dirigentes mais reputados e respeitados do partido. Foi autarca em Gouveia e na Guarda, é deputado ao Parlamento Europeu, lugar que poderá deixar se o partido não o incluir entre os primeiros nomes da lista em 2024. Considerado como «o mestre» de Sérgio Costa, de que se afastou estranhamente nos últimos meses (Amaro não perdoa «facadas e desconsiderações», dizem os mais próximos, e o presidente da Câmara da Guarda «teve algumas nas últimas semanas», nomeadamente na inauguração dos Passadiços do Mondego, onde o antigo edil não terá sido devidamente evocado).
Por outro lado, Álvaro Amaro também sabe que Rui Ventura pode ser o candidato preferido pelo partido à Câmara da Guarda. E sabe que o presidente da Câmara de Pinhel, vogal da Comissão Política Nacional do PSD e homem muito próximo do presidente do partido, poderá influenciar decisivamente todas as escolhas de Montenegro, inclusive a lista às eleições europeias. Assim, Amaro coloca-se na linha de partida para os próximos combates, seja para a Europa ou para as autárquicas, e com essa atitude condiciona todas as demais possibilidades. O próximo candidato do PSD à Câmara da Guarda será Álvaro Amaro ou Rui Ventura. Recuperar mais de seis mil votos desbaratados por Chaves Monteiro não será fácil, mas o PSD quer ganhar a Câmara da Guarda e confia que com Amaro ou Ventura isso será possível. O PS, com António Monteirinho ou mesmo Ana Mendes Godinho, estão também na corrida para recuperarem os eleitores socialistas que votaram no PG (e no PSD em 2013 e 2017) e para isso contam com o apoio do governo – depois do anúncio da Pousada para o Hotel Turismo, em breve será confirmada a localização na Guarda do Centro Europeu de Competências para a Economia Social (em janeiro será anunciada a sede) e depois será a UEPS da GNR… E Sérgio Costa terá muita dificuldade em manter o poder, especialmente quando a desilusão se começar a instalar entre os seus apoiantes, e isso irá começar a ocorrer em breve, naturalmente…