Editorial de Luís Baptista-Martins: Lancia Oppidana - Rádio Altitude

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Na Guarda, a propósito da “casa da Legião”, a Câmara Municipal lançou, e bem, uma consulta pública sobre o futuro daquele imóvel (abandonado há 50 anos e em ruínas). «Você pode decidir o futuro deste local» diz-nos a autarquia, mas, na verdade, a consulta não é vinculativa e a decisão será do executivo municipal – e ainda bem, porque dos decisores públicos esperam-se as melhores decisões e a capacidade de decidir de forma fundamentada, estudada e escrutinada. Convidar os cidadãos a participar nas decisões é democrático e é positivo, mas neste caso pode criar a ilusão de ser parte da decisão, quando unicamente se opina – o que também é aliciante e válido.
Cada cabeça sua sentença… A do presidente da Câmara também é conhecida (e legítima) e passa pela demolição integral do imóvel e a construção de um largo com estacionamento subterrâneo. Uma opção que para muitos é a adequada, até por haver pouco espaço frente ao alçado principal da Sé Catedral. Pois… Também se poderiam demolir outros edifícios da zona e assim teríamos uma grande praça à volta da catedral, que, parece consensual, é o único imóvel importante do Centro Histórico (ou da cidade) – por exemplo, a casa com a escadaria sobranceira à Praça Velha (onde funcionou o Polo Norte e depois o Café Monteneve e atualmente alberga, nomeadamente, um bar), pese embora seja um património arquitetónico extraordinário, mas se fosse demolido não estorvava na fotografia e permitiria que a Sé “respirasse melhor”!!! E poderíamos ser mais ambiciosos e demolir todas as outras casas à volta da Sé… acabava-se com tanta casa velha e então teríamos uma grande praça, como alguns almejam!!! Fazer um plano para S. Vicente, requalificar e recuperar todo o centro histórico, limpar, iluminar e dignificar a Judiaria e as muralhas, isso dá trabalho e demora anos, mas demolir definitivamente uma casa e meter mais carros na zona velha, isso sim é que faz sentido!!!… (Recordo que sempre defendi a construção de um silo-auto no Jardim José de Lemos ou no Jardim do Largo de S. Pedro. E recordo o “mega” projeto obtuso que José Sócrates defendeu há 20 anos para um silo-auto subterrâneo na Praça Velha (Praça Luiz de Camões), com túnel viário entre a Rua 31 de Janeiro e a Igreja da Misericórdia, que foi esquecido depois de levantamento, estudos e da conclusão que não fazia sentido, era de difícil execução, muito caro e perigoso para as fundações da catedral. (Imagino que poderíamos sugerir aos espanhóis para demolirem a maravilhosa Judiaria de Córdoba para a Mesquita-Catedral ter espaço à volta; ou dizer aos galegos para deitarem abaixo as casas velhas à volta da praça do Obradoiro, Pazo de Raxoi e Hostal dos Reyes Católicos incluídos, para a Catedral de Santiago “respirar”…).
É aqui que recordo o meu padrinho, eng. Almiro Gomes Lopes, que foi diretor-técnico da Câmara da Guarda durante mais de trinta anos, quando na minha meninice comentava o projeto que Duarte Pacheco teria para a Guarda (antigo presidente da Câmara de Lisboa e ministro das Obras Públicas de Salazar, visionário e responsável por muitas e grandes obras no país, do Porto de Lisboa ao de Leixões, passando pela marginal Lisboa-Cascais, o Estádio Nacional, a avenida de Roma ou as avenidas novas de Alvalade), e que considerava que a Guarda deveria ter uma grande avenida da antiga Mata (para onde nesse tempo foi projetado o Liceu, hoje escola Afonso de Albuquerque) até à Estação – uma grande avenida pelo centro da cidade, junto à catedral, «abaixo da praça», e a rasgar a “cidadela” de S. Vicente, o centro histórico, que deveria ser a pérola da Guarda do futuro. Quiçá, se o carro em que seguia Duarte Pacheco, em 1943, não se tivesse despistado contra um sobreiro na Cova do Lagarto (Alentejo), provocando a morte do ministro que promoveu a transformação urbana e a modernidade do Portugal clerical e atrasado, agora não teríamos de discutir o futuro de uma casa há muito abandonada e que é um empecilho às vistas e ao estacionamento na porta da Sé. E quanto aos turistas, uma chatice terem que estacionar longe, se puderem deixar o carro junto à porta principal da catedral nem terão de perder tempo a ver as misérias da cidade…
Nota: Participei na consulta pública promovida pela Câmara da Guarda (que recomendo e agradeço, como cidadão, ainda que não seja vinculativa). Defendi que a “casa” seja reconstruída e destinada a um centro de artes e cultura, e sugeri que poderia ser destinada a um centro de estudos da História da Guarda ou albergar o tantas vezes adiado Museu de Arte-Sacra ou um centro de estudos da Diocese Egitaniense. A Guarda nasceu já cidade, por foral de 27 de novembro de 1199, mas também terá sido Ward e Lancia Oppidana…

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