Defender a Rádio e a Imprensa livre - Rádio Altitude

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Janeiro 5, 2024

Defender a Rádio e a Imprensa livre

Neste ano em que se irão completar os 50 Anos do 25 de Abril, a imprensa, pilar da liberdade e da democracia, vive momentos extraordinariamente difíceis.

As notícias que nos últimos dias têm sido divulgadas sobre a Global Media, proprietária de títulos emblemáticos como o “Jornal de Notícias”, o “Diário de Notícias” ou a rádio “TSF”, são mais um exemplo revelador das dificuldades que atravessa a imprensa portuguesa.

Os Jornais

Portugal tem atualmente apenas quatro diários (generalistas) e menos de 20% dos portugueses terão o hábito diário de ler um jornal (em papel ou online). O Correio da Manhã, que é o jornal com mais tiragem, tem uma audiência de cerca de 44 mil leitores diários, entre papel e digital, enquanto a Bélgica (que tem uma população próxima de Portugal, ainda que seja mais pequeno) cerca de 60% da população lê diariamente um jornal (papel ou digital), tem 23 diários de informação geral (e os maiores, “Le Soir” e “Het Laatste Nieuws”, têm uma tiragem média de perto de 70 mil exemplares em papel).

A “transição digital” alterou tudo. Muitos dos principais títulos portugueses não resistiram à “crise” e ao emergir da Internet que nos últimos vinte anos foi generalizando o acesso a conteúdos digitais – e os editores, atrás da presença online e do suposto sucesso digital, promoveram em todo o mundo a gratuitidade dos conteúdos e com isso destruíram qualquer modelo de negócio.

Jornalismo

Apoiar ou não o jornalismo é a grande questão que hoje se coloca.

A imprensa tem de ser reconhecida pela relevância em termos de serviço público, sempre muito alabado, essencial na formação, na educação e desenvolvimento social, determinante na democracia, na pluralidade, na exigência de transparência ou de informação, etc, mas cujo reconhecimento formal e apoio é sempre diminuto. O Estado tem obrigatoriamente de alterar a sua posição e contribuir decisivamente para a sobrevivência dos jornais, das rádios e das televisões regionais com um financiamento direto (como ocorre, e bem, com a RTP – 191,7 milhões de euros de taxa audiovisual que todos pagamos na fatura de eletricidade, a que se têm de somar outros financiamentos públicos).

Mas se a imprensa portuguesa está moribunda, que dizer da imprensa regional?  Somos, como alguém disse, os últimos moicanos… Na “Rádio Altitude” continuamos a fazer jornalismo, com independência e rigor, resistindo e trabalhando com parcos recursos, com muito mérito, trabalho, abnegação, esforço, dedicação e profissionalismo, sem facilidades, numa economia frágil e depauperada, não abdicando da nossa independência em relação aos diferentes poderes, sem tergiversar – ainda que saibamos que esse seria o caminho mais fácil, o caminho da sobrevivência, porque no final do mês temos de pagar salários, contribuições e impostos e aos fornecedores. E é assim que a Rádio Altitude, a rádio local mais antiga de Portugal, sobrevive depois de durante 75 anos se afirmar como uma rádio de referência no panorama informativo regional.

Medidas de Apoio à Comunicação Social

No final de 2023 a Rádio Monsanto terminou as suas emissões regulares, que tinham sido iniciadas em 1985, passando de rádio local do concelho de Idanha e da Beira Baixa a antena de retransmissão da “RDS”, a rádio do Seixal!!! Antes, o jornal “Terras da Beira” fechou portas, depois de o centenário “Notícias da Covilhã” ter encerrado (agora reapareceu como jornal gratuito) e muitas outras rádios e jornais regionais têm sucumbido às dificuldades.

As medidas que têm sido preconizadas pouco poderão fazer para inverter a tendência – majoração de 20%, em sede de IRC, da publicidade efetuada por privados; incentivo à modernização tecnológica; literacia mediática e incentivo à subscrição de assinaturas (em papel ou digital); ou a compra antecipada de publicidade institucional. Ou ainda com medidas como a proposta pelo governo regional dos Açores, com o orçamento regional a pagar diretamente custos e mesmo salários de jornalistas e que o presidente do PS, Carlos César, imediatamente arrasou vingando-se dos jornalistas que noticiaram os empregos que o antigo governante açoriano arranjou à família. Mas esta é uma medida que podia ser recuperada: a imprensa regional presta um serviço público que o Estado e as autarquias deviam financiar de forma direta em contratos programa, de apoio cultural e à literacia, sem dependência ou servilismo, em contratos anuais em vez de ter de mendigar semanalmente anunciozinhos junto da administração pública ou das câmaras municipais numa relação de subserviência em nome da sobrevivência.

Por isso, num momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso, seja assinante de jornais em papel ou digitais, compre e leia jornais, apoie as rádios locais e invista em publicidade nas rádios, jornais e sites de notícias. O Jornalismo precisa de si. Um dia pode ser você a precisar de jornalismo livre…

Votos de um Próspero Ano Novo!

Luís Baptista-Martins

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