Sexta foi na Guarda. Os professores do distrito encontraram-se junto ao Mercado Municipal e subiram ao centro da Guarda para se manifestarem frente à Câmara Municipal na que foi, seguramente, a maior mobilização de sempre de professores na região. Cerca de 97% dos professores do distrito fizeram greve, muitas escolas fecharam, e foram centenas que protestaram nas ruas da Guarda.
A sequência de greves de professores vai fazendo o seu caminho no protesto e na reivindicação de melhores condições. E O ministro da Educação, e o governo, que teve tempo para parar esta guerra, está finalmente a perceber que não basta fazer algumas concessões, tem de dar respostas e garantias sobre as exigências dos professores porque o descontentamento é generalizado e muita coisa vai mesmo ter de mudar para a escola funcionar normalmente-
Mais dinheiro, porque os professores têm de ser bem pagos para ensinar as novas gerações, é a primeira das razões para esta luta entre professores e ministério. Mas há outras. A municipalização do país é um erro e a possibilidade de os professores virem a estar na dependência das autarquias é inadmissível. As colocações nacionais são uma vergonha, deviam ser regionais (pois ninguém pode ser um bom profissional se passa a vida com “a casa às costas”). A desburocratização é determinante para o recuperar da atividade pedagógica e a construção da escola até porque «a escola é muito mais do que um edifício ou do que um lugar onde as crianças aprendem a ler e a escrever. A escola são pessoas que ajudam a construir outras pessoas» – e, por isso mesmo, os professores têm de ser respeitados e têm de recuperar aquela liberdade que lhes permite estimular a liberdade de pensamento, a consciência cívica e democrática que precisamos.
Continuar a encurralar os professores entre a burocracia, o controlo administrativo e a destruição do brio profissional é matar a escola, é diminuir as futuras gerações, é aniquilar a liberdade de pensar. Ainda vamos a tempo de levar paz e conforto à escola em nome do futuro.
2- Depois de ter sido anunciada, a FIT foi cancelada pois o presidente da Câmara da Guarda considera que não deve gastar mais de um milhão de euros na feira ibérica de turismo. Na verdade, não conhecemos nenhum estudo que evidencie o impacto que a FIT teve na Guarda para justificar este investimento e duvidamos que seja neste momento um projeto estruturante para a Guarda. Mas sabemos que esta decisão devia ter sido transmitida aos demais vereadores em reunião da Câmara e não o foi. Foi apresentada aos jornalistas depois da reunião do executivo com a oposição a saber posteriormente do assunto. E sabemos que Álvaro Amaro, o “pai” da FIT considera um erro grave não realizar uma feira que na opinião do antigo presidente da Câmara é estratégica para a Guarda. Em declarações ao Altitude, sobre a FIT, Álvaro Amaro acabou de cravar mais um prego na relação com Sérgio Costa.
Entretanto a Câmara da Guarda vai apresentar o programa de carnaval do Guarda Folia 2023, que deverá mesmo ocorrer… afinal não suspendemos tudo na cidade da Guarda!
Luís Baptista-Martins