Demitiu-se todo o secretariado da federação distrital do Partido Socialista. Depois da saída do presidente, Pedro Fonseca, ficaram 15 elementos em funções, sob a liderança do vice-presidente, José Luís Cabral. Mas a aprovação da lista definitiva de candidatos a deputados, em Lisboa, levou ao abandono em bloco mesmo dos elementos indicados pela concelhia de Seia, que foi a vencedora deste processo.
Mário Jorge Branquinho e Rafael Abreu fazem parte do secretariado agora demissionário, embora sejam militantes no concelho que colocou em lugar elegível na lista para deputados a vice-presidente da Câmara, Cristina Sousa. Porém, a declaração de José Luís Cabral à Agência Lusa (que ainda não foi possível à Rádio confirmar de viva voz, apesar das tentativas de contacto) é a de que toda a estrutura sai em protesto contra a forma como António Costa conduziu o processo: além dos dois elementos de Seia, demitiram-se António Carlos Santos, Anabela Alexandre, Rui Gil e Fernando Sousa (da Guarda); José Luís Cabral, Frederico Sena, Flávio Sá e Maria de Jesus Granjal (de Celorico da Beira); Sotero Ferreira (de Vila Nova de Foz Côa); Silvina Monteiro (de Gouveia); Susana Alexandre (de Almeida); António Pereira (de Figueira de Castelo Rodrigo); e Gabriela Almeida (da Mêda).
Agora, e tal como a Rádio já tinha avançado [recordar notícia aqui], pode seguir-se a nomeação de uma comissão de gestão para a federação da Guarda do Partido Socialista. Eleições internas só depois das legislativas, ou até dentro do calendário normal do mandato em vigor, que terminará em Abril do próximo ano.
E já há, pelo menos, um possível candidato: Carlos Filipe Camelo não fecha a porta a concorrer ao lugar agora vago de líder do Partido Socialista no distrito. O presidente da Câmara de Seia, da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela e da comissão política distrital do Partido Socialista foi um dos vitoriosos na formação da lista de candidatos a deputados, ao ter conseguido para o concelho um lugar elegível, que não estava contemplado na proposta chumbada de Pedro Fonseca. E diz que a direcção nacional soube resolver bem o diferendo.
A estrutura concelhia do Partido Socialista da Guarda também pode estar demissionária. Pelo menos essa intenção foi comunicada a António Costa e dada a conhecer publicamente como forma de pressão para a inclusão de um militante da capital do distrito nos primeiros lugares da lista de candidatos a deputados. Uma ameaça que não surtiu efeito junto da liderança nacional do partido, o que coloca os dirigentes concelhios perante um aparecente caminho sem retorno para a demissão.
Pode é acontecer que a inclusão de Fábio Pinto (líder distrital da Juventude Socialista) e Marisa Fonseca (coordenadora das Mulheres Socialistas) em quarto e quinto lugares acabe por ser considerada motivo bastante para a concelhia se manter em funções, já que são ambos militantes na Guarda. Estaria assim, de algum modo, cumprida a condição a que o vereador Eduardo Brito deu voz no início da semana [recordar notícia aqui]. E salvar-se-ia a face, em termos políticos, dos dirigentes que ameaçaram demitir-se, correspondendo estes ao mesmo tempo a apelos para que instabilidade interna fique pelo menos suspensa até depois das eleições legislativas.
Contudo, um histórico militante da Guarda, Esmeraldo Carvalhinho, diz não ter conhecimento de que o presidente da concelhia, Agostinho Gonçalves, tivesse afirmado como propósito, em tempo útil, a exigência de uma posição elegível entre os candidatos às eleições de 6 de Outubro.
O presidente da Câmara de Manteigas prefere destacar que a lista agora aprovada «é forte» e resultado de boas escolhas políticas por parte de António Costa. Quanto à anterior, proposta por Pedro Fonseca e chumbada na comissão política distrital, o autarca lamenta nunca ter sido chamado a dar qualquer opinião sobre a sua constituição. E interpreta-a como resultado de um pesado «caderno de encargos» que o ex-presidente da federação teve de assumir com a estrutura socialista de Celorico da Beira quando obteve o apoio para ser eleito à segunda volta, nas eleições internas de há um ano e meio.
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