Depois de quase um mês sem revelar os dados da pandemia por concelho, a Direção-Geral de Saúde voltou a incluir a distribuição geográfica no boletim diário. Mas em vez de indicar os casos verificados nas anteriores 24 horas, divulgou números acumulados dos últimos 14 dias. Tal bastou para que as primeiras páginas fossem preenchidas com “rankings” das taxas de incidência por 100.000 habitantes. E o concelho de Manteigas surge com o quarto valor mais elevado a nível nacional.
Isto leva o presidente da Câmara, Esmeraldo Carvalhinho, a criticar a política de mera divulgação de estatísticas, que leva a que se façam leituras simples dos números, mas por vezes «completamente erradas».
Pede, por isso, «contextualização», em função da realidade de cada território. No caso de Manteigas, é necessário entender que o concelho não tem mais de 3.500 habitantes numa área de povoamento disperso e baixa densidade populacional. Aplicando o cálculo uniforme, para todo o país, da estimativa para 100.000 habitantes, o número de casos considerado pela DGS elevou a incidência para mais de 2.600, muito acima da linha dos 240 a partir da qual o Governo declara tratar-se de um concelho de risco elevado.
A situação pode ser preocupante, mas está longe do «alarmismo exagerado» com que a vila de Manteigas se viu citada. Até porque esta terça-feira só já se contabilizavam 55 casos positivos, depois de um significativo número de recuperados nas últimas semanas.
Ainda antes de decretadas as restrições, a própria autarquia tomou medidas, com uma política de testes alargada a todo o tipo de instituições, revela o autarca.
O concelho não pode, assim, estar no topo das taxas de incidência da pandemia, reclama o presidente da Câmara.
Esmeraldo Carvalhinho pede por isso melhor critério na divulgação dos dados e maior atenção na análise.
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