O Presidente da República pediu esta sexta-feira colaboração à Igreja Católica na procura da verdade e da transparência no que aos casos de abusos sexuais. «Todos os que são crentes, os mais responsáveis e menos, percebem que uma instituição só ganha com a verdade e a transparência”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas no final da audiência com a comissão independente criada para investigar os casos de abusos, a quem agradeceu pelo trabalho feito no sentido da «mudança de mentalidades».

«É um erro não perceber que, para as instituições e sociedade como um todo, o que é bom é anteciparem-se na transparência e no apuramento da verdade», disse Marcelo, avisando que «se não o fizerem vão apodrecendo e vão morrendo», disse, em jeito de recado para a Igreja.

Na ocasião, o chefe de Estado reforçou o apelo para que as vítimas de abuso na Igreja Católica apresentem o seu testemunho: «Ficou claro a importância do testemunho», considerou, afirmando que, além da Justiça, as vitimas que quiserem manter o anonimato têm agora a Comissão Independente a quem podem recorrer.

«E esse testemunho anónimo tem um valor fundamental como exemplo daquilo que deve ser o comportamento dos portugueses», acrescentou Marcelo, defendendo que «os portugueses devem colaborar nesta procura de justiça». Na audiência estiveram presentes o presidente da Comissão, o pedopsiquiatra Pedro Strecht, e outros dois membros: a socióloga Ana Nunes de Almeida e a assistente social e terapeuta familiar Filipa Tavares.

A audiência decorreu no mesmo dia em que o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, foi recebido pelo Papa Francisco a propósito dos acontecimentos das últimas semanas, relacionados com suspeitas de abusos de menores na igreja em Portugal.