Depois de ter criticado duramente, na última sessão de Câmara, o investimento na requalificação de duas rotundas [ver notícia anterior aqui] Joaquim Carreira (arquitecto e vereador do PS) ligou esta manhã para o Fórum Altitude [ver aqui], para participar no debate e deixar algumas reflexões. E pelo discurso entende-se que a oposição na câmara da Guarda vai abrir uma nova frente de batalha com a maioria. O recente anúncio do Simpósio Internacional de Arte Contemporânea não agradou ao vereador. Joaquim Carreira questionou as prioridades e considerou que esta iniciativa só faria sentido se os problemas do centro histórico estivessem resolvidos. «Isto é patético», afirma, referindo-se ao facto de se anunciar que haverá, por exemplo, artistas convidados para esculpir ao vivo na Praça Velha, «num espaço que tem uma tela a tapar telhados degradados». O arquitecto defende que mais valeria ter um programa «menos elitista» mas que envolvesse «outras artes do trabalhar da pedra, como a cantaria» para concretizar «obras úteis de reparação de calçadas e recuperação de fachadas». Mas mesmo em relação ao modelo seguido pelo Simpósio, Joaquim Carreira questiona: «Onde é que ficam os artistas locais? Por que não podem também esculpir e pintar para o espaço público e receber por essa prestação de serviço para a animação da cidade?». Perguntas que espera ver respondidas na próxima sessão de Câmara, onde quer também ser esclarecido acerca dos reais custos da iniciativa: «Como vereador desconheço [os valores] porque a proposta do Simpósio ainda não foi à reunião do executivo». Retomando as críticas que fez na anterior reunião sobre os custos para a requalificação de duas rotundas na Avenida 25 de Abril, Carreira aponta o que diz ser outra contradição: se os escutores convidados para o Simpósio «vão produzir estátuas», não percebe que a Câmara tenha encomendado «uma estátua de 92 mil euros» para a rotunda do Rio Diz. Em suma, o vereador da oposição garante que «eu não teria nada a opor [à realização do Simpósio Internacional de Arte Contemporânea] se esta cidade não tivesse o desemprego que tem e a falta de condições para fixar pessoas e criar riqueza». E ironiza: «Só falta pedir aos desempregados que vão para a Praça Velha ver esculpir pedra. É isso que querem? É isso de que a cidade precisa?».
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