Governo anuncia 11 milhões para «obras mais urgentes» no Hospital da Guarda. Segunda fase passou à História - Rádio Altitude

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O Governo anuncia investimentos no Hospital da Guarda, que podem chegar aos onze milhões de euros, mas só para as «obras mais urgentes» que poderão obter financiamento através de verbas remanescentes do Programa Operacional Regional do Centro (na fase de reprogramação final do quadro comunitário Portugal 2020), que serão alocadas à área da saúde.

O anúncio foi feito esta segunda-feira pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, no final de uma reunião com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde, na qual participou também a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, Isabel Damasceno.

Para além da continuação da requalificação do pavilhão 5, as possíveis intervenções poderão incluir a reparação de telhados e fachadas do pavilhão Lopo de Carvalho (onde funciona a sede da ULS) e do edifício de 1953 do ex-Sanatório Sousa Martins, conhecido como “comboio”, que acolhe várias especialidades hospitalares.

Porém, este conjunto de investimentos (que Ana Abrunhosa recusa classificar como novos «remendos»), representa cerca de um quarto da dotação prevista há mais de uma década, pelo Governo do primeiro-ministro José Sócrates e do ministro da Saúde Correia de Campos, para a segunda fase da ampliação e requalificação do Hospital da Guarda.

Em 2009 iniciava-se a construção do bloco novo, que custaria cerca de 50 milhões de euros. Era apenas a primeira fase do grande projecto (premiado internacionalmente) da autoria do arquitecto Ilídio Pelicano.

Com uma área total de 25 mil metros quadrados, contemplava instalações para a urgência geral, a imagiologia, as consultas externas e exames especiais, além das unidades de cirurgia de internamento, bloco operatório, laboratórios, unidade de cuidados Intensivos e de cuidados intermédios.

A segunda fase seria posta a concurso cerca de um ano depois, acabando consignada ao mesmo consórcio Hagen/Edifer, que chegou a instalar o estaleiro para a nova empreitada, de cerca de 40 milhões de euros, que consistiria na requalificação integral dos dois edifícios hospitalares: o de 1997 (conhecido como pavilhão 5, onde a partir de 1998 funcionaram as urgências e os blocos operatórios) e o de 1953 (o “comboio”, assim designado devido à ultrapassada configuração, herdada do sanatório, em corredor ao longo de enfermarias), onde se mantinham alguns dos serviços de referência.

O projecto do novo Hospital da Guarda, da autoria do arquitecto Ilídio Pelicano, contemplava a construção do bloco novo (à esquerda) e a remodelação integral dos edifícios das antigas urgências e do Sanatório (ao centro e à direita). O programa funcional foi assinado em Maio de 2007. A primeira fase foi iniciada em 2009. A segunda fase chegou a estar consignada, mas foi cancelada em 2012 e nunca seria retomada.

Porém, o Governo da coligação PSD/CDS, que tomou posse em 2011, suspendeu as obras e em 2012 cancelou-as. Mas o ministro responsável pela decisão, Paulo Macedo, autorizou a realização de “remendos” no pavilhão 5, que a partir da inauguração da primeira fase (em Junho de 2014) ficaria devoluto.

Foi assim que o conselho de administração da ULS, então presidido por Vasco Lino, iniciou as obras possíveis para o aproveitamento daquele bloco, contíguo ao novo edifício. Sucedeu-lhe Carlos Rodrigues, que manteve praticamente toda a equipa e prosseguiu o plano. Foi naquele mandato que se investiram 350 mil euros para consolidar a cobertura e substituir o telhado do pavilhão 5, resolvendo assim o mais urgente dos problemas: alguns dos antigos blocos operatórios tinham chegado a encerrar devido à chuva que se infiltrava no interior do edifício.

A seguir construiu uma cozinha e um refeitório para o Hospital, pondo fim à confecção de refeições em contentores provisórios.

E em 2016 o mesmo conselho de administração adjudicou a elaboração do projecto de remodelação do pavilhão 5 , para acolher a nova maternidade e as restantes valências relacionadas com a mulher e a criança.

A equipa de Carlos Rodrigues seria substituída em Março de 2017. Mas a nova administração, presidida por Isabel Coelho, recebia orientações do Ministério da Saúde para assumir e concluir o plano anterior. E não voltou a falar-se da segunda fase interrompida em 2012.

O chamado Pavilhão 5 do Hospital da Guarda foi a primeira ampliação (ou “remendo”, no léxico político local), no final da década de 90 do século passado. Permitiu reunir no ex-Sanatório todos os serviços hospitalares, até então dispersos entre o Parque da Saúde e o antigo Hospital da Misericórdia, na Rua Francisco dos Prazeres. Em 2016 a ULS investiu 350 mil euros na substituição do telhado e iniciou o projecto para a instalação, neste edifício, dos serviços de saúde materno-infantil.

Um denominado Movimento de Apoio à Saúde Materno Infantil, formado em 2018, também passou a reivindicar as obras no pavilhão 5 e levou a petição nesse sentido à Assembleia da República, não se referindo, igualmente, ao projecto global abandonado pelo anterior Governo.

Em relação ao investimento que iria rondar os 90 milhões de euros para dotar a Guarda de um grande hospital de raiz (previsto desde os anos 90 e prometido durante a campanha para as eleições legislativas de 2005), que reporia a justiça à centenária Cidade da Saúde face às construções entretanto concretizadas na Covilhã e em Viseu, foi sendo sucessivamente assumida, tanto ao nível das administrações da ULS desde 2014 como no plano político local, uma atitude de pudor em pedir a segunda fase (que devia ter custado 40 milhões de euros, com financiamento comunitário de no mínimo 85 por cento assegurado desde 2009) e de resignação face aos apenas possíveis “remendos”, como se estes já tivessem de ser encarado como significativa conquista.

É nesta lógica, de resposta a uma aparente falta de exigência colectiva, que a ministra da Coesão Territorial parece classificar como «uma excelente notícia para a Guarda» o cenário segundo o qual em 2022 poderão começar as obras de remodelação do pavilhão 5 e de reparação de telhados e fachadas no edifício Lopo de Carvalho e no “comboio”.

Ao mesmo tempo, Ana Abrunhosa exorta a Guarda a preparar projectos, candidatáveis ao próximo quadro comunitário de apoio, para a recuperação dos pavilhões centenários D. Amélia e António de Lencastre, em ruínas.

O novo presidente do conselho de administração da ULS, João Barranca, acolhe o desafio e diz querer dar continuidade aos planos que na última década foram para ali imaginados pelos antecessores: a instalação, num dos blocos, da Unidade de Saúde Familiar “A Ribeirinha” (a funcionar no centro da cidade, em instalações pelas quais paga renda à Santa Casa da Misericórdia) e a transformação de outro num centro de ensino e investigação.

Inicia-se, assim, uma reconfigurada fase possível, também por fases, da segunda fase.

E fica para a História o projecto de um grande e novo hospital que um dia foi prometido à Guarda. Um projecto que existe, com todas as peças aprovadas pelo Ministério da Saúde, mas cuja concretização ficou pela metade.

Como se a Guarda, colectivamente, já tivesse assumido que uma unidade de saúde de 90 milhões de euros estava acima das necessidades, das capacidades… ou do que é merecido.

Oiça aqui a reportagem:

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