59 votos a favor, 2 abstenções e 12 votos contra: o orçamento da Câmara da Guarda foi aprovado na Assembleia Municipal por uma larga maioria, não pondo assim em causa a legitimidade política do executivo liderado por Carlos Monteiro, sobretudo na sequência a abstenção do vereador sem pelouros e presidente da concelhia do PSD, Sérgio Costa [ver notícia anterior aqui], que se tinha referido à proposta como «um orçamento de ilusão».
57 deputados do PSD votaram a favor e o mesmo sentido de voto foi expresso pelos dois eleitos do CDS. O líder da bancada, Henrique Monteiro, justificaria o apoio com a necessidade de não gerar «efeitos económicos negativos em cadeia» face ao eventual chumbo do orçamento municipal, numa atitude que reclamou como sendo «de responsabilidade» no actual contexto de crise.
As abstenções foram de deputado da CDU e de um elemento do Partido Socialista, presidente de junta.
Votaram contra a proposta da Câmara o deputado do Bloco de Esquerda e os restantes do PS, aos quais se juntaram dois deputados militantes do PSD: os presidentes das juntas de freguesia da União de Rochoso e Monte Margarida e de Santana da Azinha.
Mas os dois autarcas acabaram isolados na votação dentro da bancada do PSD, apesar de terem protagonizado os momentos mais vivos do debate.
Foi, principalmente, o presidente da Junta de Santana da Azinha, José de Almeida Gonçalves, quem fez as críticas mais directas ao presidente da Câmara e fundamentou de maneira frontal e explícita as razões do voto contra.
Carlos Monteiro recusou, porém, responder a «atitudes de ultimato».
Um episódio que, mesmo antes da votação, já era antevisto pelo deputado do Bloco de Esquerda. Marco Loureiro alertava Carlos Chaves Monteiro para o «jogo da cadeira do poder».
Mas a polémica não chegou a ter a dimensão que se perspectivava. Não alcançou, sequer, o nível do embaraço que, também na discussão do último orçamento do mandato anterior, o CDS (então coligado com o PSD) votou ao lado do PS numa proposta dos socialistas para a redução do IMI [recordar notícia aqui].
Um episódio que, a um ano das eleições autárquicas de 2017, contribuiria para o fim da coligação.
O então presidente da Câmara, Álvaro Amaro, apressar-se-ia a desvalorizar a “rebelião” dos centristas, tornando público o entendimento de que, na Assembleia Municipal, «o CDS é um grupo parlamentar autónomo» e recusando, assim, qualquer responsabilidade política própria pelo sucedido.
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