Cerca de 500 máquinas agrícolas e 600 agricultores estão a interromper a circulação na A-25, entre o nó do Leomil e Vilar Formoso. O protesto (que ainda decorre na maior fronteira terrestre do país) junta agricultores de toda a Beira Interior e de outros pontos do país e, segundo apurou a Rádio Altitude, ainda há famílias a chegar ao local. Os manifestantes reclamam a «valorização do setor e condições justas» tal como tem acontecido em outros pontos da Europa. A gota de água, foi o «corte nas ajudas que nos são dadas pela perda de rendimentos nas nossas explorações».
Em declarações à Rádio Altitude, Ricardo Estrela, porta-voz do Movimento Civil de Agricultores para a região das Beiras disse que «foi relativamente fácil organizar este protesto porque o grande tema é o “descontentamento generalizado” dos agricultores. Foi fácil mobilizar as pessoas porque elas próprias sentiram necessidade de se juntar ao protesto».
«Plantamos e semeamos a pensar nos apoios… e quando não vêm é um problema muito grande. A própria PAC (Política Agrícola Comum) tem de ser revista e ser alterada, porque as políticas que têm sido dadas não nos servem», afirma o porta-voz.
Ricardo Estrela explica que estão «orgulhosos com a forma ordeira como decorreram os protestos». O porta-voz do movimento está «ciente que cortar a autoestrada não se deve fazer», mas lembra que «o ministério da agricultura só por saber que viríamos para a rua… rapidamente, em quase 48 horas, resolveu o que esteve para resolver num ano».
Ricardo Estrela admite até que gostava que a ministra da Agricultura «nos viesse ouvir, assim como os líderes dos vários partidos reunissem connosco para transmitirmos as preocupações (para que o futuro governo saiba que o setor está mais unido que nunca)».
Este protesto esta iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, acontece um dia depois do Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum.
Ricardo Estrela recorda que «há agricultores que já entraram em situação de falência». Explica que «todos nos endividámos. E se há coisa que o setor agrícola tem é preocupação com o estado animal. Tivemos de nos endividar para comprar os suplementos necessários para a manutenção dos animais e ficámos todos em situações financeiras muito difíceis».