A Direcção Regional de Cultura do Centro abriu o concurso para a instalação de um órgão de tubos na Sé Catedral da Guarda.
O anúncio, assinado pela directora regional Susana Menezes, foi publicado em Diário da República na passada sexta-feira e diz respeito a um concurso público internacional de aquisição de serviços para o contrato designado como «Sé da Guarda – Recuperação do Órgão de Tubos».
A obra terá um valor base de 500 mil euros e um prazo de execução de 12 meses após a adjudicação.
Parece assim estar dado um passo decisivo, mais de um ano depois de a representante do Ministério da Cultura na região ter respondido à Rádio que não se comprometia com datas, dada a complexidade do processo que herdara [recordar notícia aqui].
A Sé da Guarda era uma das únicas catedrais que não dispunha de órgão de tubos, tendo Aveiro e Vila Real recebido estes investimentos nos últimos anos.
As negociações entre a Diocese e o Estado decorrem há mais de duas décadas e chegou a existir um projecto para a construção de um instrumento sobre a porta Norte (a que dá para a Praça Luís de Camões). Foi encomendado a Gerhard Grenzing, construtor alemão radicado em Barcelona um dos mais reputados do mundo. A estrutura pesaria 12 toneladas e estava orçada em 600 mil euros [recordar notícia aqui].
Porém, esta aquisição, que teria financiamento assegurado pela Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, conheceu um revés depois da decisão de restaurar o órgão desmantelado no início do século XX. Tinha sido destruído durante as invasões francesas e os elementos que restavam acabaram retirados na requalificação da Catedral levada a cabo em 1907 e conduzida pelo arquitecto Rosendo Carvalheira.
O restauro do antigo órgão era algo que o vigário-geral da diocese, Manuel Pereira de Matos, considerava difícil de concretizar [ver notícia aqui], pois apenas se preservaram, guardados no edifício do Seminário da Guarda, alguns elementos de talha. «Não há nada», «não há um único tubo», garantia.
O assunto seria levantado na Assembleia da República pelo deputado Santinho Pacheco [ver notícia aqui]. O parlamentar socialista pedia do Governo que resolvesse «o ciclo vicioso de indecisões» e que fosse o Estado a liderar a concretização «desta ambição da Guarda».
O definitivo órgão de tubos da Sé da Guarda deverá ser construído de raiz, integrando, na caixa, os elementos decorativos do instrumento desmantelado.
Poderá localizar-se sobre a entrada Norte, conforme inicialmente projectado, ou sobre a porta principal da Catedral.